Como sabem, sempre apelei à participação de pais e amigos, os blogues são espaços públicos de debate de ideias, é sempre importante partilhar opiniões, todos ficamos mais ricos quando ouvimos as opiniões dos outros.
Como sabem também, houve uma fase em que estive quase, quase a acabar com o blogue, porque recebi uma ofensiva de gente que me insultava... perdi a vontade. Mais tarde vários pais me convenceram que desistir era fazer o favor a essa gente cobarde que me insultava sob anonimato.
Voltei ao blog, mas passei a aceitar comentários com moderação. Ou seja, qualquer pessoa pode escrever comentários, mas eu recebo-os e depois decido se os publico ou não. Acho que é a melhor forma.
Hoje recebi o primeiro comentário.
Depois de o ler atentamente, entendi que não era ofensivo e por isso publico-o para todos partilharmos esta opinião.
Se bem que, peço desculpa ter de dizer isto, mas incentivo-vos a assinarem os comentários. O anonimato deve ser uma situação extraordinária... só se aceita uma opinião anónima em casos em que percebemos que a pessoa pode ter graves prejuízos em assumir essa opinião. Mas são casos limite. Em 99% dos casos... deve ter-se a coragem de assumir aquilo que se pensa.
Assim, publico este comentário, excecionalmente.
Agradeço ao (à) caro (a) almadense a sua opinião, mas na próxima assine por baixo, por favor.
Almada escreveu:
Está a começar mais uma época desportiva,sem duvida que os nossos jovens tem sonhos,sonhos esses que as vezes sao fabricados pelos pais,a que ter cuidado nas conversas em casa sobre futebol,conversas nas bancadas,por vezes os pais se metem dentro dos filhos e pensam que sao eles a jogarem.deixem os vossos filhos treinarem e jogarem sem pressao pelos pais,temos tambem de pensar que do outro lado existe um adeversario que nos merece o maximo respeito e que tambem tem valor.outra situaçao é nos jogos,será que sao capazes de ver os jogos sem mandar bitaites la para dentro?existe um treinador que os treina,que da as indicaçoes la para dentro e os jogadores só devem houvir o mister e nao os pais.e respetem os arbitros,todos eles vao cometer erros..e voçes nao cometem erros nas vossas vidas?levem o futebol como um desporto saudavel.e nao façam do futebol uma guerra de pressao constante sobre os jogadores..a que saber perder e ganhar.nao peçam o titulo aos jogadores,nao peçam milagrees,porque do outro lado existe tambem jogadores com valor.façam deste campeonato uma forma dos vossos filhos serem felizes e nao que tenham de jogar sempre bem e de terem de ganhar sempre.ok?e acima de tudo respeitem o treinador,vai certamente cometer erros e muitos,ate o mourinho comete erros.nao queiram ser treinadores de bancada.imaginem que o mister se metia na vossa profissao?que os criticava nas vosssas vidas?façam o vosso papel..de educar vossos filhos e que estejam atentos a escola,isso sim o mais importante da vida(escola)o futebol é uma passagem.acreditem no que digo.
ass.alguem que deu a sua vida ao futebol durante muitos anos.
JPF escreve:
Em relação ao que nos escreve, agradecemos os seus conselhos.
Grande parte daquilo que aqui escreve são reflexões que muitas vezes temos nas bancadas. A maioria de nós (dos pais com quem mais converso, pelo menos) pensa da mesma forma.
Todos sabemos que os nossos filhos têm o direito de sonhar, quem somos nós para os impedir de sonhar? Isso seria um crime. Sonhar, ter ambições, lutar por aquilo que sonhamos é fundamental na vida de qualquer um. Quanto mais em miúdos.
O nosso papel (e aí tenho de puxar pelos galões... estou cansado de aqui colocar artigos, reflexões, vídeos de casos concretos, exemplificações de casos concretos aludindo a essa questão. É preciso ter a noção que o sonho de vir a ser jogador de futebol é um sonho muito arriscado. Esse deve ser o nosso papel, como educadores, mostrar-lhes que esse futuro é muito difícil de concretizar e que há muitos riscos pelo caminho)
Quanto ao comportamento nas bancadas, vai desculpar-me caro (a) «almada», aquilo que diz é o pão nosso de cada dia. Todos nós andamos nisto de acompanhar os nossos filhos nas bancadas há anos... eu ando há 10 anos... outros andarão há mais, outros há menos... todos sabemos qual é o nosso papel.
Não se deve falar para os miudos para dentro de campo? É claro que não!
Não devemos criticar os treinadores? É claro que não!
Não devemos insultar os árbitros? Pois, obviamente que não!
Não devemos pressionar os jogadores? Claro que não!
Não sei se o caro autor (a) do comentário é pai do nosso grupo de Iniciados «A», mas se é sabe perfeitamente o que o Mister Ricardo disse no balneário na reunião com os pais: Fomos na época passada exemplares no apoio à equipa, no apoio aos jogadores e, acrescento eu, no apoio ao treinador. Sempre estivemos com os nossos miúdos nas vitórias e nas derrotas. Apoiámos os melhores jogadores e apoiámos os jogadores menos bons. Os que jogaram melhor, os que jogaram menos bem. Todos nós temos os nossos limites. Há jogadores melhores, há outros menos bons. A única coisa que lhes pedimos é que dêem o seu melhor... Ninguém exige que os miúdos sejam todos craques. Queremos apenas que joguem o melhor que sabem, que sejam uma equipa, que sejam um grupo unido. Que façam um bom futebol.
Se por acaso é um pai recém-chegado ao Almada, posso dizer-lhe qual é a imagem de marca deste grupo:
Queremos sempre fazer bom futebol.
No Almada não vai ver treinadores a ensinarem truques... queimar tempo, atirar a bola para fora, fingir lesões... não! Aqui ensina-se a jogar bom futebol. Queremos sempre jogar bem, marcar golos, fazer futebol ofensivo, bola no chão, jogo coletivo. E esta imagem de marca é o meu orgulho por ter escolhido a escola de futebol do Almada para o meu filho!
Quanto aos adversário, nunca vi o nosso grupo desdenhar os adversários. Nunca. Jogamos sempre para tentar ganhar, é verdade. Umas vezes conseguimos, outras vezes não. Mas sempre com lealdade...
Depois há uma coisa que, confesso, é algo irracional, que é talvez o que torna este desporto tão viciante, tão apaixonante: Emocionamo-nos a ver jogos.
Ah pois é... É uma chatice às vezes? Pois é... eu adorava conseguir ver jogos como o pai do Iuri, o Jaime... que vê o jogo como se estivesse a ver um bailado... uma tranquilidade. Mas não! A maioria de nós emociona-se... gritamos a apoiar os miúdos. Festejamos uma boa jogada, mesmo quando é uma jogada do adversário. Eu faço-o frequentemente. Sou um apaixonado pelo futebol... e não consigo resistir a bater palmas a uma grande jogada de futebol! Mesmo quando é uma equipa adversária...
E isto para dizer o quê? Que às vezes nos passamos com as arbitragens: Pois... acontece!
Não devia acontecer? Pois não!
Eu gostava de não me passar quando vejo erros crassos... mas não consigo!
É bonito? Não é não senhor!
Conseguimos evitar isto? Nem sempre... estamos emocionados, empolgados, e ficamos indignados quando há incompetência exagerada! Quando vemos arbitragens tendenciosas.
E nisso, meu caro amigo, essa é a minha «falha», sou intolerante com incompetentes!
Uma coisa é errar... como diz, e bem, todos nós erramos nas nossas profissões. Todos.
Só que errar... é errar para os dois lados. Quando um árbitro só erra para um lado, vão desculpar-me mas isso não é errar. Isso é seguir uma estratégia pré-delineada de prejudicar uns e beneficiar outros. E se isso é vergonhoso em escalões seniores, então com miudos de 14 anos considero isso um escândalo!
Mas eu sou daquelas pessoas que gostam de ser chamadas à atenção quando erram. Quero que me digam que errei, para não voltar a errar...
Mas há os arrogantes, que erram e nunca o admitem... acham que são os campeões.
E quanto a isso, posso dizer-lhe que tenho-o feito desde há 3 anos e vou continuar a fazer:
Os bons árbitros serão aqui neste blog amplamente elogiados... Já o fiz «n» vezes... Os maus árbitros serão aqui desmascarados... não só em palavras, mas até com provas, com vídeos.!
Infelizmente, são muitos os maus árbitros, são muitos os árbitros com ideias pré-concebidas, determinados a prejudicar certas equipas. Essa gente sem escrúpulos tem de ser denunciada... e eu cá estarei sempre para o fazer!
Pego na sua última nota para concluir, estou totalmente de acordo e não me canso de o dizer. Ainda esta semana fui buscar uma entrevista de um autor de um livro para realçar esse aspeto:
O mais importante para os nossos filhos, e como educadores temos o dever de o fazer, é mostrar aos miúdos que o seu futuro está na escola, está nas competências que ganharem para enfrentarem no futuro o mundo profissional.
Nem todos têm de ser doutores, mas todos nós temos de ser bons em alguma coisa. Uns serão doutores, outros engenheiros, outros empresários, outros artistas, outros comerciantes, outros operários, não interessa o quê... o que interessa é que sejamos bons naquilo que fazemos! Só assim teremos futuro, só assim podemos ambicionar ser felizes.
O futebol, neste contexto, pode ser uma escola. Eu costumo dizer que aprendi no desporto (não só no futebol, mas também, no ténis de mesa) algumas regras de vida que me são muito úteis na profissão que hoje tenho.
Posso aqui recapitular algumas:
- Respeito pelos colegas
- A noção de que trabalhando em equipa seremos sempre melhores do que trabalhando cada um para seu lado
- A certeza de que somos melhores se nos dedicamos a sério naquilo que fazemos. Se hoje vamos para o treino brincar... um dia quando tivermos a nossa profissão e não nos aplicarmos naquilo que fazemos, seremos um fracasso... desemprego garantido... Dedicação e concentração dá resultados.
- Humildade, perceber que podemos sempre melhorar. Há sempre forma de melhorar. devemos procurar a cada dia que passa sermos melhores do que éramos ontem. Quem se arma em gabarolas e acha que é melhor que todos os outros, mais cedo ou mais tarde vai ser ultrapassado e vai ser humilhado por quem quis humilhar...
- Evitar comparações com os colegas «eu sou melhor que tu...» cada um é o que é, devemos respeitar os outros. Tentar ser igual aos melhores e ajudar os mais fracos, devia ser o nosso lema de vida. Ser solidário é uma obrigação de cidadania.
FELICIDADES PARA TODOS E BONS TREINOS
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